Com 35 anos de dedicação ao serviço público, sendo um dos pioneiros na profissão, em Rondônia, o auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RO) Aluízio Sol Sol foi um dos entrevistados no projeto “Controle Externo – Minha História, Minha Vida!”, série promovida pelo Sindicato dos Profissionais de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (Sindcontrole), com servidores e ex-servidores que fizeram carreira na Corte. O auditor conversou com o jornalista e historiador Anísio Gorayeb (in memorian), entrevistador do projeto, e falou da sua jornada e ingresso na carreira.
Confira a entrevista completa abaixo
Aluízio Sol Sol de Oliveira, conhecido pelos amigos apenas como Sol Sol, é auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas há 35 anos. Foi ele um dos responsáveis pelo relatório contábil que, apresentado ao Executivo Estadual pelo TCE-RO, na época do então Governador Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, resultou na intervenção do Estado na administração do Município de Vilhena, em 1984. “Foi uma das primeiras auditorias que fizemos e uma das mais importantes. O Tribunal de Contas tomou conta de todas as irregularidades que havia na administração de Vilhena e pediu a intervenção do Estado, o que resultou no afastamento do então prefeito eleito Vitório Abraão”, destaca.
É um relato relevante que, segundo Sol Sol, evidencia a importância da firme atuação do auditor e do TCE, tanto para a garantia da transparência dos gastos públicos quanto para a proteção do erário. “De uma auditoria em que foram apontadas irregularidades da gestão de um prefeito eleito, resultou no afastamento do gestor e na intervenção do Governo”, salienta.
Na mesma época o Coronel Jorge Teixeira também afastou os prefeitos de Ariquemes, Ji-Paraná e Colorado. Ou seja, o Tribunal de Contas sempre teve grande credibilidade, norteando o Executivo Estadual na tomada de decisões importantes, mas Aluízio Sol Sol nem sempre soube da relevância de sua profissão no apoio a gestão pública. “Antes de ingressar na carreira, nem tinha ideia do que era nem para que servia o TCE. Quando saiu o concurso público, em meados de 1983, é que passei a estudar sobre o assunto e entendi o quão importante é o trabalho que o Tribunal de Contas realiza, tanto para o Estado quanto para a população”.
Relembrando suas origens, Sol Sol conta que sempre foi humilde, a começar da infância, época em que tinha tão pouco conhecimento quanto posses. Até os 11 anos, viveu com os pais em uma ilha localizada no interior do Estado, hoje conhecida como Ilha do Padre. “É onde hoje está construída a hidrelétrica de Jirau”. Segundo ele, o local era tão isolado que, para ter acesso ao trem da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, único meio de transporte da época para chegar a Porto Velho, caminhava-se cerca de 12 quilômetros até a estação. “De trem, ainda era cerca de 4 horas de viajem até Porto Velho”, completa.
Mesmo apontando as dificuldades da época, o auditor lembra com saudosismo da infância. “Morava em um lugar paradisíaco, era longe, isolado do restante do mundo, mas muito bonito, principalmente quando as águas do rio baixavam e surgiam as praias”.
Já com 11 anos, seguindo a família, o jovem futuro auditor passou a morar em um pequeno povoado localizado no quilômetro 114 da BR-364, local onde dava-se manutenção a estrada de ferro Madeira Mamoré. Em seguida, os pais de Sol Sol seguiram para Porto Velho, onde passaram a residir no bairro Mocambo, que hoje faz parte do centro histórico da capital.
Alegre pela lembrança, Sol Sol conta que foi alfabetizado pela saudosa professora Noemia Monteiro, que, segundo ele, mantinha uma escola de alfabetização para atender pessoas de baixa renda. “Aqui tem um fato curioso: a professora passava a lição, mas quem a tomava era uma auxiliar, que era surda. Nunca entendi como ela conseguia nos avaliar”, relembra.
Nas andanças pelo Norte, Sol Sol chegou a morar em Manaus/AM, onde, ainda jovem, se formou em Economia. Recém-formado, ele regressou a Porto Velho e, como celetista, prestou serviço ao Governo do Estado, onde trabalhou por cerca de nove meses como economista. “Foi nesse período que surgiu a notícia do concurso público, daí eu fui lá, me inscrevi e estudei bastante. Estudava das 3h às 6h da manhã e, em seguida, ia trabalhar”, conta. Tanto esforço valeu a pena. “E não podia ser diferente, embora não houvesse a tecnologia que dispomos hoje, muitas pessoas, de várias partes do Brasil, souberam do concurso e vieram concorrer às seis únicas vagas oferecidas. Lembro que apenas três vagas foram ocupadas por candidatos da região, as outras três foram conquistadas por gente de fora”.
O ingresso do jovem economista na corte foi comemorada e, ainda hoje, é motivo de orgulho, para ele e para a família. “Foi quando passei a ter um salário melhor. Depois pude casar, constituir família, adquirir uma casa e educar meus dois filhos, um jovem que hoje está finalizando os estudos na área de informática e uma linda moça que estuda Direito”.
Questionado se pretende se aposentar, Sol Sol é taxativo ao responder: “Não, gosto do que faço e sinto que ainda tenho muito a oferecer”, diz com um grande sorriso nos lábios.